Piauí: entre a grandeza das lavouras e a resistência dos pequenos
Estado tem cinco das 20 cidades com maior valor do produção do NEHá números que, sozinhos, parecem frios, duros, áridos como a terra seca. Mas quando se olha para eles com cuidado, eles contam histórias de suor, de persistência e de futuro. É o caso da produção agrícola do Piauí em 2024, revelada pela Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE.
Entre os vinte municípios do Nordeste com maior valor de produção agrícola, cinco carregam o nome e a força do Piauí. Baixa Grande do Ribeiro, um município ainda jovem na memória do mapa, mas gigante no presente da agricultura, ocupa a 7ª posição do ranking regional, com R$ 2,3 bilhões. Sozinho, responde por quase um quarto de toda a produção agrícola do estado.
Na cola, vem Uruçuí, com R$ 1,8 bilhão e a 10ª posição. Ribeiro Gonçalves aparece em 18º, com R$ 813 milhões. Logo depois, Bom Jesus e Santa Filomena se firmam entre os vinte maiores do Nordeste, com R$ 742 milhões e R$ 701 milhões, respectivamente.
No Brasil inteiro, quando o olhar se alarga, a força do Piauí também se faz presente. Entre os 50 maiores municípios em valor de produção agrícola, dois piauienses estão lá: Baixa Grande do Ribeiro, em 28º lugar, e Uruçuí, em 42º. É um sinal de que o cerrado piauiense, outrora visto apenas como sertão bravo, hoje se transformou em campo fértil de soja, milho e oportunidades.
Mas o retrato tem seus contrastes. Em 2024, os três maiores municípios piauienses em produção — Baixa Grande, Uruçuí e Ribeiro Gonçalves — concentraram quase 50% de toda a riqueza agrícola do estado. E, se ampliarmos o olhar para os dez maiores, chegamos a quase 80% da produção. Isso significa que 214 municípios dividem entre si apenas 20%.
E há ainda o outro extremo da balança: os 85 municípios de menor produção agrícola no Piauí. Somados, eles alcançam pouco mais de R$ 104 milhões — apenas 1% de toda a produção estadual. Lá, nomes como Capitão Gervásio Oliveira, com R$ 128 mil; Coronel José Dias, com R$ 262 mil; e Massapê do Piauí, com R$ 304 mil, lembram que nem toda terra é colheita, e que a economia rural se distribui em ritmos desiguais.
Seja na pujança das grandes lavouras mecanizadas, seja na resistência dos pequenos produtores, o Piauí confirma sua vocação: ser um gigante agrícola em meio ao sertão. Um estado onde os números não são apenas estatísticas do IBGE — são histórias de famílias, de cidades inteiras, e de um futuro que já começou a ser colhido.