Após nova operação, conheça os influencers que insistem em divulgar jogos de azar

A Operação Laverna , deflagrada nesta quinta-feira (11/09) pela Polícia Civil em Parnaíba, expôs mais uma vez o envolvimento de influenciadores digitais na divulgação de plataformas ilegais de apostas online. Entre as investigadas estão Thaisa Costa, Tereza Fazendinha e Emília Caju , que são suspeitas de promover jogos de azar, como o do 'Tigrinho', esquema que teria movimentado cerca de R$ 10 milhões apenas no Piauí. Apesar da ação, a prática está longe de ser um caso isolado. Centenas de perfis no estado continuam estimulando seguidores a apostarem em cassinos virtuais disfarçados de aplicativos de 'ganho fácil'.

Prints revelam esquema
O portal Conecta Piauí registrou todos os prints das postagens ainda na manhã da operação. Alguns perfis são monitorados há dois meses e mostram a constância destas divulgações. São eles: Japa Cantora, Fernanda Aguiar, The Contei, Larissa Sonnalya, Sarah Brenna, João Henrique Cardoso, Ana Azevedo, Lokinho e Brizaac.

Curiosamente, poucas horas depois da ação policial, os conteúdos sobre apostas desapareceram dos perfis monitorados. “Estão com medo?”, questiona-se nas redes, mas a exclusão não apaga as provas já coletadas.

Estratégia: ostentação e sensualidade
Grande parte desses influenciadores utiliza a sensualidade e o exibicionismo como chamariz. Ostentam viagens, festas e bens de luxo, mas boa parte desse padrão de vida é sustentada pela exploração financeira de seguidores.

Essas figuras que se autoproclamam influenciadoras, na verdade, não passam de parasitas digitais , que se aproveitam das dificuldades financeiras da população para empurrar falsas promessas de riqueza fácil. Longe de inspirar ou orientar, elas manipulam seguidores vulneráveis, estimulam endividamento e lucram com cada derrota das vítimas. Se forem chamadas de influenciadoras, é preciso deixar claro: são influencers do mal, que transformam redes sociais em armadilhas para enganar e explorar quem mais precisa de proteção.

Confira alguns dos perfis que costumam divulgar jogos de azar no Piauí:

Japa Cantora
@japacantora (926 mil seguidores) / @japacantorareserva (161 mil seguidores)

Ela é uma cantora popular, mas apesar de exibir uma vida próspera, que aparenta ser fruto de trabalho árduo, divulga jogos de azar sem nenhum receio. Também já promoveu conteúdos adultos em plataformas online.

Fernanda Aguiar
@fernandaguiarf (582 mil seguidores)

Costumeira na divulgação de jogos de azar, sendo que nas últimas 24 horas promoveu o Jogo do Macaco Sortudo. Nas redes, é conhecida como a “maior biscoiteira do Piauí” e atualmente integra o balé do TBT do cantor Wesley Safadão.

The Contei
@_thecontei (140 mil seguidores)

Página que afirma divulgar notícias e fofocas do Piauí. Entretanto, em seus stories, também inclui postagens de cassinos virtuais. Nas últimas 24 horas, publicou duas propagandas de sites de apostas.

Larissa Sonnalya
@laryssasonnalya (68,7 mil seguidores)

Tem 24 anos e se apresenta como divulgadora de rotina e “apostadora real de jogos online”. Publica jogos de azar diariamente em seus stories, prometendo lucros irreais.

Falas dela:

"Rede Dy lançou a puraaaaaa e eu já forrei o link da prosperidade tá perfeito, e eu te convido a forrar junto comigo, dinheiro no nosso bolso e lascando esses Chines ahahhaha te desejo sorte o vamo simbora forrar e forrar !!! Se não for eu a ganhadora dos mils será você amém ? O jogo é esse: eu comprei a funcionalidade de 20 centavos, paguei 100 na funcionalidade e veio o multiplicador de 1000x. Esse jogo é da pp, ele é top, jogo nele direto".

Além disso, organiza sorteios, bancas e brincadeiras, incentivando seguidores a entrarem em grupos de apostas que ela chama de “equipe da prosperidade”.

Sarah Brenna
@sarahbrenna__ (61,3 mil seguidores) / @casalda_resenha (14,7 mil seguidores)

Se apresenta como influenciadora de “maternidade real”, mas divulga jogos de azar diariamente. Em parceria com o marido, organizou a “Mansão da Sarah Brenna”, um reality em sítio na BR-343, zona rural de Teresina, que foi alvo da Polícia Civil . A operação resultou na prisão da blogueira Lalazinha, além de outros influenciadores, entre eles Lokinho e Brenda Raquel Ferreira, esta última já havia sido presa na Operação Jogo Sujo , também por divulgação de apostas.

João Henrique Cardoso
@_heenrique.vasconcelos (30,9 mil seguidores)

Se apresenta como criador de conteúdo digital, mas sua atividade principal é a divulgação incessante de jogos de azar. Costuma prometer “abençoar” seguidores, mas, na prática, lucra a partir das perdas de quem acessa seus links.

Ana Azevedo
@ coreanaa__0n (9,8 mil seguidores) / @ coreana_044 (12 mil seguidores)

Conhecidíssima da polícia, já foi presa algumas vezes, inclusive por envolvimento com facções criminosas. Atualmente responde em liberdade com uso de tornozeleira eletrônica. Ainda assim, segue divulgando jogos de azar e já manteve perfis em sites de conteúdo adulto.

Lokinho
@01_lokinho (16,2 mil seguidores)

Influenciador reincidente em divulgações de jogos, já perdeu quatro contas e foi preso em operações policiais anteriores. Também esteve envolvido em acidente que resultou na morte de duas pessoas . Ele é o único que não tinha divulgação de jogos nas últimas 24 horas, mas vez por outra, não resiste à tentação.

Brizaac
@gabrrryell (17,2 mil seguidores) / @gabryell_pessoal ( 4,3 mil seguidores)

Ele é ex-marido de Lokinho e o motorista do carro que causou o acidente com duas mortes na zona sul de Teresina . Está em liberdade, mas em diversas oportunidades foi flagrado divulgando jogos de azar. Também não fez divulgação nas últimas 24 horas, mas vez por outra faz postagens de links. Ele inclusive mudou seu nome do Instagram, se livrando do apelido Brizaac.

O perigo por trás das apostas online
Esses jogos de azar, incluindo o 'Tigrinho', raspadinhas virtuais e modalidades semelhantes, vendem a ilusão de enriquecimento rápido, mas, na prática, resultam em endividamento e perdas financeiras, principalmente entre jovens e pessoas de baixa renda. Enquanto isso, os influenciadores lucram com links de afiliação que só rendem quando seus seguidores perdem dinheiro. Essa relação desigual e predatória é inadmissível e deveria ser banida das redes sociais, assim como a propaganda de bets de esportes que exploram o mesmo mecanismo.

Monitoramento continua
As informações levantadas pelo Conecta Piauí serão encaminhadas à Polícia Civil do Piauí. A expectativa é que novas investigações avancem sobre a rede de influenciadores que insiste em lucrar com o endividamento dos mais pobres.