Cinema piauiense revisita a Batalha do Jenipapo em longa-metragem inédito
A produção foi contemplada com recursos da Lei Paulo Gustavo, executada pela Secretaria da CulturaA memória da Batalha do Jenipapo, um dos episódios mais marcantes da luta pela Independência do Brasil, ganha nova leitura no cinema piauiense. O longa-metragem “Jenipapo – O Grito dos Esquecidos” estreou em diversas cidades do Estado, com sessões em Parnaíba, Amarante, Teresina, Cocal, Piripiri e Campo Maior.
A produção foi contemplada com recursos da Lei Paulo Gustavo, executada pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult-PI), e reforça o compromisso do Governo do Piauí com o fortalecimento do audiovisual local. Com 2h21min de duração e classificação para maiores de 14 anos, o filme aposta em acessibilidade e em uma narrativa inclusiva, destacando a participação comunitária e o protagonismo do povo piauiense.
Dirigido por Chico Rasta e Alexandre Mello, o longa é uma ficção inspirada na série “Jenipapo – A Fronteira da Independência” (2021). A trama é narrada por Kamal (Tiago Andrade), escravizado nas fazendas de Simplício Dias (Vandré Silveira), que lidera uma fuga em grupo e funda um quilombo. Anos depois, já como Djeliba, ele relembra os fatos e transmite sua sabedoria às novas gerações pela oralidade.
As filmagens ocorreram no Quilombo Mimbó, em Amarante, comunidade com mais de 200 anos de história. Além de receber a equipe, o local integrou moradores ao elenco, à técnica e às ações de apoio, consolidando a proposta de um cinema feito em parceria com a comunidade.
Produzido pela Baobá Audiovisual em coprodução com a Framme Produções Audiovisuais, o filme reafirma a força da produção piauiense e o papel do cinema como instrumento de memória, reflexão e valorização da identidade cultural.
O diretor Alexandre Mello destacou a transformação proporcionada pelo processo:
"É impossível alguém ter participado da criação, das filmagens e da pós-produção sem ter sido profundamente modificado por essa temática. Eu aprendi mais nesses últimos cinco anos do que nos outros cinquenta da minha vida", afirmou.
Para o também diretor Chico Rasta, o audiovisual deve provocar reflexão: "Nosso papel enquanto cineasta é ser provocador. Não temos o objetivo de martelar verdades, mas de instigar e abrir novas visões".
A diretora de arte Solange Silva ressaltou a integração com a comunidade: "Foi muito importante trabalhar com o Quilombo Mimbó. Levamos materiais de figurino e conseguimos a mão de obra local. As roupas de capoeiristas, por exemplo, foram feitas por eles e receberam até a etiqueta da comunidade".
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