Filhote de onça-parda desnutrida é resgatado na zona rural de Nazaré do Piauí
Animal debilitado será levado para Teresina e ficará sob cuidados do IbamaUm filhote de onça-parda foi encontrado em estado crítico na localidade Rodeador, zona rural do município de Nazaré do Piauí, no último domingo (24/08). O animal, que teria aproximadamente três meses, apresentava sinais de desnutrição e muito estresse.
Entre os voluntários do resgate do animal, esteve a estudante de Biologia Dávylla Kayllanne, natural de Nazaré, que acompanhou a situação desde o início. Segundo a jovem, houve dificuldade na comunicação entre órgãos competentes, o que atrasou a ação de resgate.
Ainda de acordo com a estudante, o Ibama teria informado não poder enviar equipe até o município e orientou que a Prefeitura providenciasse transporte para levar o filhote até Teresina.
O Ibama esclarece a situação através de uma nota oficial emitida sobre o caso, confira:
Um filhote de onça-parda (Puma concolor) foi encontrado na zona rural de Nazaré do Piauí, a 270 quilômetros da capital, Teresina. Muito debilitado, desnutrido e incapaz de se mover por conta de uma estrutura de madeira amarrada ao pescoço, o animal necessitava de cuidados especiais. Assim, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foi acionado para resgatar o espécime e iniciar os procedimentos para sua recuperação.
Ao chegar em Teresina (PI), em 26 de agosto, o filhote foi encaminhado ao Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semar), com o apoio de veterinários do Ibama e especialistas do Bioparque Zoobotânico do estado. No local, o animal foi alimentado, hidratado e alojado em habitat adequado para melhoria e regeneração corporal.
“O futuro da onça dependerá de sua recuperação. Se houver condições, será avaliada a reintrodução na natureza, mediante consulta ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que estabelece os protocolos para espécies ameaçadas”, explica Fabiano Pessoa, médico-veterinário e analista ambiental do Ibama. Caso não seja possível devolvê-lo à natureza, o animal poderá ser destinado a uma instituição credenciada e licenciada para manter felinos em cativeiro.
Entenda o caso
Em 25 de agosto, a estudante de biologia Dávylla Kayllanne, moradora de Nazaré do Piauí, entrou em contato com as autoridades municipais para comunicar a presença de um filhote de onça-parda na zona rural do município. Segundo ela, o animal havia sido encontrado em condições precárias de saúde, desnutrido e sem a possibilidade de movimentar.
Na ocasião, Dávylla solicitou autorização para que pudesse manejar o mamífero silvestre e transportá-lo até a capital piauense. Considerando gravidade do caso e os conhecimentos da universitária, ela foi autorizada a remover o animal em um veículo disponibilizado pela prefeitura e a seguir, conforme orientação do Ibama, os protocolos de segurança para evitar mais sofrimento à onça-parda.
Espécie ameaçada de extinção
A onça-parda é considerada vulnerável e figura na lista de espécies ameaçadas de extinção no Brasil. Sua presença no semiárido piauiense tem se tornado cada vez mais rara, pressionada pela caça ilegal, pelo desmatamento e pelo avanço das atividades humanas sobre áreas de mata nativa. Dessa forma, o Ibama orienta que, ao encontrar animais feridos ou debilitados, entre em contato com o Instituto ou com órgãos ambientais de seu estado.
Em suas redes sociais, Dávylla também destacou a importância do episódio como alerta ambiental. Ela lembrou que a onça-parda é um dos maiores felinos do Brasil e exerce papel essencial no equilíbrio da Caatinga, controlando populações de animais menores.
A estudante reforçou que o desmatamento e as queimadas afetam diretamente a sobrevivência desses animais, que acabam ficando sem alimento, sem abrigo e expostos a riscos.
“Esse filhote nos lembra que cada árvore derrubada e cada área queimada impacta vidas que muitas vezes nem vemos. Proteger a Caatinga não é apenas sobre a natureza distante, mas sobre o futuro da nossa região, da nossa água, do nosso ar e da nossa biodiversidade. Que a história dessa pequena onça desperte em nós um olhar mais humano para a vida selvagem. Porque cuidar dela é cuidar de todos nós”, escreveu.