Blog do Elias Lacerda

Como é a vida do criminoso que está há 50 anos preso no Brasil

Chico Picadinho está preso desde 1976 e, no próximo ano, completa 50 anos atrás das grades

Francisco Costa Rocha causou pânico e se tornou sinônimo de crueldade em São Paulo nas décadas de 1960 e 1970. Na época, ele matou e esquartejou duas mulheres e ficou conhecido nacionalmente pelo apelido de Chico Picadinho. Atualmente com 82 anos, o criminoso é um dos detentos com estadia mais longeva do sistema prisional brasileiro e coleciona derrotas na Justiça.

Foto: Reprodução
Chico Picadinho

Psicopatia
Chico Picadinho está preso desde 1976 e, no próximo ano, completa 50 anos atrás das grades. De acordo com o colunista Ullisses Campbell, do jornal O Globo, o criminoso tentou ao longo dos anos, sem sucesso, deixar a cadeia. Ele está preso no Hospital de Custódia e Tratamento de Taubaté, destinado a presos com graves transtornos mentais.

Este ano, ele chegou à sua 20º tentativa de sair da prisão, quando pediu o fim da medida de segurança que o mantém recluso. O TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), no entanto, negou a solicitação. Segundo laudos médicos recentes, Chico Picadinho possui uma psicopatia incurável e representa um grande risco à sociedade.

Ainda de acordo com os médicos, não há cura nem perspectiva de melhora em seu quadro clínico, sugerindo que o criminoso poderia voltar a cometer crimes assim que deixasse sua cela rumo à liberdade. Exames classificaram Chico Picadinho como portador de transtorno de personalidade antissocial, ou seja, psicopatia.

Relembre
O primeiro assassinato cometido por Chico Picadinho aconteceu em 1966, quando ele tinha apenas 24 anos. A vítima foi a bailarina austríaca Margareth Suida, de 38 anos, que conheceu em um bar no centro da capital paulista. Após uma noite de sexo e álcool, ele estrangulou a mulher.

Depois, com uma lâmina de barbear, cortou o corpo da mulher em pedaços e tentou se livrar deles em uma mala e no vaso sanitário. Francisco foi capturado logo depois e condenado a 18 anos de prisão, mas ficou apenas oito anos atrás das grades.

Ele saiu da cadeia em 1974 e, dois anos depois, voltou a matar: levou a prostituta Ângela de Souza e Silva para seu apartamento e repetiu a operação, estrangulando e retalhando a jovem. A morte foi tão brutal que ele foi denunciado para a polícia por um ex-detento, chamado para ajudá-lo a se desfazer do corpo.

Ele foi condenado a mais 20 anos de prisão. Em 1998, mesmo após o cumprimento da pena por tempo máximo, que até então era de 30 anos, a Justiça decretou sua interdição e determinou que seguisse em regime de medida de segurança, sob custódia do Estado, por ser considerado um risco permanente para a sociedade.

Vida na cadeia
A vida de Francisco no Hospital de Custódia e Tratamento de Taubaté segue uma rotina simples e repetitiva. Pela manhã, ele deixa a cela e vai para a biblioteca. Passa lá a maior parte do dia. O criminoso gosta de ler, ouvir rádio e pintar. Ainda segundo o colunista, ele também organiza os livros e controla os empréstimos feitos a outros detentos.

Ele retorna à cela por volta das 16h e, às 17h, já está trancado novamente. O contato com outros presos é restrito e supervisionado. Apesar dos crimes brutais cometidos na juventude, é descrito pelos funcionários como um interno calmo e que cumpre silenciosamente o que lhe é imposto.

Solitário, não recebe visitas há cerca de 20 anos, não participa das atividades coletivas da unidade e praticamente não mantém vínculos afetivos. Ele também está surdo e depende de aparelhos auditivos. Também está com os cabelos brancos e acima do peso. Apesar de tudo, no entanto, segue 100% lúcido e evita causar problemas.

Via Metrópoles

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